Hoje, toda eu toda de negro
Toda eu cravada de medo
Lábios selados em segredo
Tão escura, já não me alegro
As mãos morrem-me cedo
Esqueci já o meu enredo
O coração já não é íntegro
Largo o choro preto no chão
Lágrimas secas de um fado
História de um peito pesado
Viúva do meu próprio coração
Prisioneira do meu passado
Presa no meu olhar calado
Aprisionada numa má canção
E toda a dor da tua partida
Me traz de ti a lembrança
Consome-me a esperança
Esventra de mim toda a vida
Tudo é uma eterna dança
Até o respirar me cansa
E toda eu sou uma ferida
Fugiste mas ficas em mim
Cravas nesta pele a tua voz
Trazes a recordação de nós
Queimas-me o nosso fim
Deixas-me os braços a sós
Amarras em mim os teus nós
E eu nunca te disse um sim
A minha cara negra de ti
A minha cara negra do mundo
Gravado nesta cara bem fundo
Sem que eu deixe ficas aqui
Tu e esse teu sorriso imundo
Que se transforma num segundo
Gritando-me que morri
O meu olhar escuro
A minha face preta
O andar inseguro
Desprovida
De vida
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