Hoje analisei-te ao espelho pela primeira vez na vida.
Espantado perante tão vaga ideia de mim mesmo;
sempre escondi as marés do medo numa arrogância inconsciente,
agora compreendo os cristais gastos que criei como protecção
(viver sem me importar, afastando-me de todos).
Sou apenas nem um minúsculo suspiro
ensanguentado pelo engano da criação,
ervilha hercúlea pervertida, polinizada sob a crosta
fechada a lacre personalizado no envelope interior,
aprendendo a lidar com a própria caricatura
e respirar paz prespectivando o nada aerodinâmico.
Compreendo que aqui e assim não quero ficar
enfrentando sozinho os recantos obscuros da personalidade,
pânico e histeria apoderam-se (gostava de conseguir desistir)
dada a complexidade de amarras desta injusta condição designada humana,
que as disfuncionais Felicidade e Maturidade apodreçam
fugindo por sombras invisíveis, esperando ao virar da esquina
pela revelação que me acorde deste sonho incompleto e
me esfaqueie até à enseada temida Morte...
2002
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1 comments:
E se fosses comer no cu?
Põe-te a pau, a tua megalomania pedincheira e ganidora, traiu-te.
Começa a olhar para os lados e para as esquinas.
Foste avisado.
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