Bebi atónito a garrafa sozinho,
foi como margarina a escorrer castidade
tapando as falhas no tronco da palmeira
que, de súbito, se transformará em pedra
e, mais tarde, quererá outro suco colorífico
para as truculentas engrenagens do humor
se descontrairem e sobreviverem a prumo
os não lavrados cultivos de pousio coado.
Acontece e gaguejo a tropeçar, cocoba,
às vezes, sem saber ou quando alguém
faz anos quebro tijolos com os caninos
e acordo maquilhado, vestido de marinheiro
com a tatuagem “a morte não é o fim”
desenhada a lapiseira no escroto rosa.
Com a alba cantada vinda do celeiro
pus-me a pé em direcção à estação,
num coreto de circo, rodeado de caganita
de pomba e minha mochila revistada,
ouvi a memória curta magoar um cãozinho
de orelhas arrebitadamente estrábicas,
devido ao permanente pânico que deve
ser estar habituado a ser alimentado
por tamanha besta selvagem e indomável.
Ainda hoje se vinga dos maus-tratos
que o fascismo lhe infligiu, traumatizado pelos
homicídios aos camuflados inimigos políticos,
em cada relance azarento, quando se cruza
com o vidro da loja de artesanato, vê-os.
Viciado a omnipotentes direitos solitários,
é o cozinheiro colonial sem culpa, sensibilizado
para a ignorância, agora vende estórias de graça
retidas nos pulmões dos pormenores perdidos,
grave comunicação incomodativa, somente interesse
por chaminé ilegal, de poliester, inocente, um dia
expande-se na firme trela da decisão que
já actua sozinha, emperrada hipocondria, escalando
sempre a mesma duna angolana, lá adormeceu
em choque, irradiando olhares distorcidos
a inalar o carvão das baionetas enferrujadas,
foram as visões de verdade da criança adulta
relembrando sua sofregidão paralizada em Sines.
A digestão foi interrompida pela melancia
do minotauro em guerra, delira com contacto
que o alucine da realidade até à campainha das
flores de beladonna, brancos pimentos que boiam
a pedido e ornamentam nosso licor que aceita
mas receia, atento à incapacidade cognitiva,
enquanto que, o cachorro Pirata que o acompanha
olha o vazio saturado, tentando desfocar
as vistas iluminadas pelo candeeiro fundido
de sua desistência, jovens em férias ouvem
rádio no bar em frente e encevadam a liberdade,
sem saberem do passado reaccionário do edifício.
Só com quem todos gozam e evitam falo eu,
mais vale a piadas farpas que despovoam
por honra à segurança, rotulando com severidade
sorridente, para ver se me insiro nas afinidades
de camisas bem parecidas e borbulha espremida,
aqui deixado à deriva descobrem-se conteúdos
inesperados, a dolorosa resistência que assombra
catacumbas de camaradas perdidos à floresta,
exasperei escutando labaredas oclusas de esperança
pois, clama por ferrolhos endógenos cerrados
que nenhuma candeia de vergonha contemporânea
pretende tão subterrânemente desenterrar, será que
mais valia ser peremptório e exclamar, crispado,
outra violência típica que recebe mal se aproxima:
“Desaparece daqui velho louco chôcho, estou
ocupado, cheiras mal e acabei de me perfumar!”
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Monday, June 23, 2008
Bebi atónito a garrafa sozinho por João Meirinhos
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3 comments:
Tu divertes-me «grande» João Meirinhos, mesmo! JAJAJAJAJA!!!
Deixa, terás sempre um lugar ao sol, tipo zé, ou chico, ou outra merda qualquer insignificante.
Deve ser fodido ser como tu, passar a vida em bicos de pé para lamber colhões e não saíres da mediocridade.
Para palhaço, até custas pouca, fazes figura de puto estúpido de livre vontade... :)
:)
copy paste 2004 nothing less
nunca ninguém o comentou tanto
é muito importante para nós
obrigada klatinhu
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